O sedentarismo, ou seja, a inatividade física está associado ao aumento do risco de morte por todas as causas. A prática da atividade física reduz a mortalidade por doenças coronarianas, doenças cardiovasculares, mesmo na presença de outros fatores de risco. Evidências mostram que:
- A prática de atividade física reduz o risco de mortalidade por doenças coronariana, mesmo quando esta atividade é de baixa intensidade;
- A maior proporção de gasto energético na população se deve às atividades do dia–a-dia;
- Há grande resistência da maioria sedentária em aderir aos programas de exercícios físicos. Daí a importância de orientação de se incrementar o gasto energético nas atividades diárias, como substituir o elevador pela escada, ou caminhadas no lugar do transporte motorizado.
A recomendação de saúde pública para a prática da atividade física é de pelo menos 30 minutos diários de moderada intensidade, gastando aproximadamente 1.000 kcal/semana. Esta é a forma mais adequada para obter a melhoria dos indicadores de mortalidade, considerando-se a alta prevalência populacional de sedentarismo e a dificuldade de mudança radical de hábito.
A hipertensão arterial é uma síndrome multicausal e multifatorial caracterizada pela presença de níveis tensionais elevados e normalmente associada a distúrbios metabólicos, hormonais e hipertrofias cardíaca e vascular.
Além do tratamento médico convencional, modificações no estilo de vida como: redução do peso corporal, diminuição da ingesta de sal e bebidas alcoólicas, não utilização de drogas que elevem a pressão arterial e a prática de exercício físico, tem se mostrado eficientes na prevenção e no controle dos níveis tensionais elevados e são indicadas a todos os hipertensos e a indivíduos normotensos com história familiar de doenças cardiovasculares.
Atualmente, muitos autores sugerem que o treinamento físico dinâmico, reduz de modo significativo a pressão arterial de indivíduos hipertensos, sendo observada uma redução média de 7 a 10mmHg na pressão.
Dessa forma o exercício físico regular vem sendo considerado um importante coadjuvante na prevenção e no tratamento da hipertensão arterial, contribuindo para a melhoria de outros fatores de risco cardiovascular, como a dislipidemia, o diabetes e a obesidade.
O ganho de peso se dá pelo balanço energético positivo, isto é, ingestão calórica maior que o gasto calórico. Embora os mecanismos que determinam a obesidade não sejam totalmente conhecidos, sabe-se que alguns fatores interagem e caracterizam a multifatoriedade da doença. Esses fatores, em conjunto, apontam para uma associação entre o estilo de vida sedentária, má qualidade alimentar e predisposição genética como determinantes da prevalência da obesidade nas sociedades industrializadas. Um índice muito utilizado para classificação de risco cardiovascular é o índice de massa corpórea, o IMC, que pode ser calculado dividindo-se o peso corporal pelo quadrado da estatura. IMC = Peso/estatura².
A maioria dos estudos tem demonstrado relação inversamente proporcional entre o nível habitual de atividade física e ganho de peso ao longo dos anos da vida. A diminuição do gasto energético é observada pela diminuição da atividade física habitual no trabalho e em rotinas diárias, além de aumento do tempo gasto em hábitos sedentários, como assistir tv, trabalhar no computador etc.
A prática regular do exercício físico leva o organismo a ter melhor controle sobre o balanço energético. Isso se deve ao aumento na capacidade de oxidação de ácidos graxos livres nas células musculares. Além do efeito protetor da massa magra, o exercício acelera a perda de massa gorda durante restrição dietética.
Os diabetes melito, ou diabetes, é uma síndrome de múltiplas causas, decorrente da falta de insulina e/ou da resistência à sua ação, ou seja, da incapacidade da insulina exercer seus efeitos de modo adequado. O diabetes e suas complicações são a maior causa de cegueira adquirida, insuficiência renal crônica, gangrena, amputação de membros inferiores, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC), aumentando a freqüência dessas enfermidades em duas a sete vezes.
O diabetes é classificado, segundo os critérios da Associação Americana de Diabetes (ADA), basicamente como diabetes tipo 1, tipo 2 gestacional e outros tipos. O diabetes dos tipos 1 e 2 são mais freqüentes. Porém, o tipo 2 é o mais prevalente, compreendendo cerca de 90% dos casos.
O tratamento do diabetes envolve a educação do paciente sobre cuidados a serem tomados, a adoção de hábitos alimentares saudáveis e da prática regular de exercício físico; além da completa adesão à terapia medicamentosa com antidiabéticos orais e, ou insulina.
O treinamento físico adequado proporciona importantes adaptações metabólicas, neuroendócrinas e cardiovasculares, contribuindo para prevenção, redução e reversão das alterações metabólicas presentes nos diabéticos e melhorando a qualidade de vida desses indivíduos. Diabéticos que realizam exercício regularmente apresentam aumento na sensibilidade à insulina, redução na sua dose diária de medicamentos, melhora na capacidade funcional e diminuição das complicações crônicas da doença.
Conforme o exposto, o exercício físico é de suma importância para a qualidade de vida das pessoas, lembrando sempre que qualquer atividade física deve ser feita sob orientação de profissionais da área!
Fonte: Livro: Cardiologia do Exercício: do atleta ao cardiopata
Editores: Carlos Eduardo Negrão, Antônio Carlos Pereira Barretto
Editora Manole, 3ª ed.